terça-feira, 5 de junho de 2012

Hora da poesia

Fulano

Esta é a minha vida:
Sou Fulano Indigente,
Filho de uma certa pobreza
E de um pai desconhecido.
Desde cedo, eu fui adotado
Pela cruel madrasta: solidão.

Esta é a minha casa:
Vivo cercado por paredes invisíveis
E, no teto, automóveis.
Em qualquer canto, em qualquer lugar
Eu espalho a minha mobília:
A panela (uma lata de ervilhas)
E o cobertor repleto de notícias ultrapassadas.
À noite, vejo a lua despida,
Sinto o frio na alma
E a fome no estômago.

Por isso, se alguém quiser me visitar
Procure por Fulano
Que esta bem ali, bem perto
Naquele lugar que todos fingem não existir,
Na esquina do desprezo com lugar nenhum
Esta é a minha vida
Esta é a minha morte.


Luciano Dias

Pessoal, o inverno está aí! Tem gente sofrendo lá fora! E porque não ajudar? Doe o seu cobertor velho. Já é um bom começo!

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